Capitalismo Platónico

O capital é apenas um valor abstracto. O dinheiro é o valor de um produto criado pelo trabalho. Um chefe não faz a comida que ele come aparecer como que por magia do resultado de seu trabalho. Se todos fossem chefes todos morreriam de fome. De qualquer forma, o trabalho intelectual só se sustenta no trabalho braçal, e não produz riqueza por si só. Ele se apropria de parte da riqueza produzida por outros, porque supostamente ele permite que os outros trabalhem mais efectivamente do que poderiam (ou gostariam) se não tivessem chefes. Mas isso agora não é uma opção.

Se tudo pode ser convertido em dinheiro e o dinheiro pode ser convertido em qualquer coisa, então o dinheiro se torna a unidade comum entre todas as coisas materiais. Em outras palavras, se torna o que Platão chamaria de “Bem”. Para Platão, o Bem era como o Sol, e nós estamos agora transformando a energia solar em dinheiro. As plantas absorvem toda a energia que move a vida deste planeta, e nós domesticamos plantas e animais e os transformamos em produtos, em bens. Cerca de 40% da capacidade fotossintética da terra virou dinheiro. Estamos nos apropriando da terra no sentido literal. Tudo isso para sair da “caverna”.

Hakim Bey compara os bancos aos templos. Em 1973 o “alquimista” Nixon libertou as cédulas de dólar da obrigação de ter um equivalente em ouro, e desde então 95% do nosso dinheiro se tornou virtual. Não representa riqueza material alguma, e se tivéssemos que trocar todo nosso dinheiro por bens materiais, é bem possível que não haveria produtos suficientes. Se o poder do capital está liberto do detestável “mundo sensível” que é a realidade material, ele se tornou um poder sobrenatural. Deveríamos examinar as corporações sob a luz da teologia. Fica aí a sugestão: Hakim Bey – Batalha Espiritual.

Por Janos Biro

Sem comentários:

Enviar um comentário